O dólar acelerava a alta a 2% nesta sexta-feira, em meio à volatilidade do mercado internacional por causa

da crise na Europa. Mais cedo, a cotação atingiu R$ 1,90, a maior desde 2 de setembro de 2009. Às 10h45 (de Brasília), a moeda americana era cotada a R$ 1,891, em alta de 1,24% ante o fechamento da véspera.

"O mercado está com bastante volatilidade. O dólar abriu estressado porque ainda existem incertezas, em relação à Europa principalmente", disse o operador de câmbio da corretora Renascença, José Carlos

Amado.

Embora o euro se fortalecesse 0,7%, para US$ 1,2553, o mercado em geral ainda se mostrava bastante

arisco, com bolsas em torno do zero, commodities em queda e preços de títulos americanos em forte alta - sinal de demanda por ativos considerados mais seguros.

Líderes europeus se encontravam em Berlim nesta sexta-feira para delinear medidas que sirvam no futuro

para evitar problemas similares aos da Grécia, que precisou receber ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para honrar dívidas em vencimento.

Diante das incertezas, os estrangeiros aceleraram as compras de dólares nos mercados futuro e de cupom cambial. De acordo com dados da BM&FBovespa, os investidores não-residentes compraram mais de US$ 2 bilhões na quinta-feira, levando suas posições compradas a US$ 2,748 bilhões.

"Parece que as pessoas não estão só zerando posições. Eu tenho a impressão de que alguns também estão começando a usar o real como um hedge (proteção) para mercados emergentes", afirmou o profissional de

um banco de investimento em Nova York, que preferiu não ser identificado.

O mercado fica atento, no entanto, à possibilidade de que o aumento do dólar atraia exportadores interessados em converter para reais parte da receita mantida no exterior, o que poderia aliviar a pressão sobre a moeda americana.

Mesmo assim, para Amado, é difícil ver no curto prazo a possibilidade de uma rápida reversão do dólar. "Há um sentimento de que o mercado precisa trabalhar acima de R$ 1,80 com esse nível de euro", disse