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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A arte de escrever de cada um




Numa entrevista do filósofo argentino contemporâneo José Pablo Feinmann, que me foi recomendada pelo meu amigo jornalista e escritor Marlon Aseff, dizia o filósofo que detesta 'blogs' ("Cualquier pelotudo tiene um blog!") e falava daquelas pessoas que, na impossibilidade de terem seus escritos publicados em jornais ou revistas, criam blogs e neles escrevem na esperança de que alguém as leia, mas não caem em si de que seus textos, às vezes, possam ser demasiado chatos, de má qualidade, ininteligíveis ou difíceis de ler. 
Dou ao filósofo argentino razão, de que existem bons e maus escritores, mas por outro lado sei das formalidades e frescuras de que se revestem as vias de acesso de certos jornais ou revistas que se julgam importantes demais e, como tais, exigem de um desconhecido escritor credenciais, apadrinhamentos ou cartas de recomendação para publicar uma matéria, mesmo que a reconheçam como boa, bem escrita e fundamentada. Isto, aliás, não é de hoje. Aconteceu no início de suas carreiras com grandes escritores e todos eles são unânimes em reconhecer que o caminho do escritor é um caminho difícil, árduo e solitário. João Antonio (1937-1996), escritor paulista, depois de haver perdido num incêndio os manuscritos do seu primeiro livro, teve a paciência e a árdua tarefa de reescrevê-lo, encerrado numa biblioteca. E esta segunda versão, segundo ele, saiu melhor do que a primeira.
Sobre o ato de escrever, Artur da Távola (1936-2008), um dos maiores escritores do nosso tempo, disse o seguinte: "Escrever é permanecer horas, dias e anos na esperança do encontro, hoje, amanhã ou depois de morto, com algumas pessoas ou muitas almas irmãs com quem sintonizar, o que impossível foi com a maioria das pessoas, até mesmo com quem se conviveu." Um apaixonado pela literatura e pela música, Artur da Távola nos deixou esta frase que também é uma sábia recomendação: "Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão." 
Quanto a escrever bem ou mal, é outra coisa. Tem gente que ainda não aprendeu. Ou está brincando com a boa vontade e a paciência dos leitores. Escrever assim ou assado ou dar a formatação que quiser ao seu texto é um direito de cada um. Existem escritores para todos os gostos e de todos os tipos, qualidades e categorias. E alguns se outorgam a liberdade, de propósito, ou por ignorância, de desobedecer às regras. Mário Quintana em seu Caderno H, sob o título de 'Hermetismos', diz o seguinte sobre certos autores e seus respectivos leitores: "Leitor ideal, mesmo, é o que, quanto menos entende, mais admira. Se não fora essa claque providencial, o que seria dos autores herméticos? Eles foram feitos um para o outro."
Aqueles que se propõem a escrever devem estar apetrechados de alguns conhecimentos básicos de fonética, morfologia e sintaxe, pelo estudo da gramática, de preferência identificando e aplicando tais conhecimentos, caso a caso, em cima do texto. Além disso, temos o exercício da leitura, e o aprendizado que ela, por si mesma, nos proporciona. Antes de alguém se aventurar a escrever é preciso ter aprendido a ler, exercitando desde a pronúncia até a escrita correta das palavras, os diferentes tipos de pausa ou pontuação, a construção da frase e a divisão das etapas do pensamento através de períodos e parágrafos. 
A arte de escrever não se aprende nas escolas nem em academias ou oficinas literárias. Escrever, depois de saber ler, é como aprender sozinho a nadar ou andar de bicicleta. É um aprendizado solitário, onde cada um, bem ou mal, forja o seu próprio estilo. 


Luciano Machado - www.luciano-literatura.blogspot.com
publicado 22/02/2011 - Opinião - www.aplateia.com.br

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Idade escolar



Qual a idade ideal para começar a freqüentar a escola?
Talvez não exista idade certa, mas qual será o impacto na mente das crianças a partir do momento que passam a ter compromissos diários, rotina de ir ao mesmo lugar e passar um período do dia convivendo com pessoas que não seus familiares.
São avaliações e questionamentos que surgem a partir da nova determinação que institui o nono ano, ampliando o tempo de ensino fundamental para nossos estudantes.
Por outro lado, as crianças aprendem cada vez mais rápido, com o convívio cada vez mais precoce, com as tecnologias disponíveis. Atualmente, uma criança de mais ou menos três anos já consegue dar seus primeiros “clics” se colocada perto de uma pessoa que esteja mexendo no computador. O poder de assimilação é tamanho, que estas crianças parecem até nascer sabendo (risos).
Como já manifesto a própria televisão é fonte de informação e formação intelectual e porque não emocional de nossos “baixinhos”. Devido a isso então, torna-se compreensível a idéia de estar desde cedo em uma escola para que o aprendizado seja desenvolvido e dirigido de maneira adequada para estes indivíduos.
   Além destas considerações, de acordo com Donald L. Kirkpatrick e James D. Kirkpatrick, no seu livro Transformando Conhecimento em Comportamento (2005), para obtenção dessa transformação temos que acoplar ao conhecimento o treinamento, ou seja, treinar a colocar em prática o conhecimento adquirido, se referindo ao fato de que nada vale o conhecimento se ele não for transformado em comportamento.
Assim, espera-se como resposta a estas mudanças, considera-se que crianças que aprendem, adquirem conhecimento mais cedo poderão desenvolver e colocar em prática tudo isso em prol de benefícios para o desenvolvimento social, cultural e econômico de nosso meio.

Com mudanças no ensino, crianças têm contato com as letras mais cedo


A partir deste ano, todas as crianças matriculadas no 1º ano vão começar a descobrir as letras em sala de aula, mas só irão completar o ciclo de alfabetização no ano seguinte.
Em 2010, terminou o prazo para que as escolas brasileiras se adaptassem às mudanças do Ensino Fundamental de nove anos.
O nono ano já vinha sendo implantado desde 2007 – em 2006, uma mudança na lei aumentou a duração do Ensino Fundamental. O 1º ano acumulará funções do que antes era chamado de pré-escola, acrescentando os primeiros passos do processo de alfabetização, como a correlação entre a palavra escrita e os sons das letras.
- O que existe é uma mudança pedagógica, principalmente nos anos iniciais. O projeto é que para 2011 os três primeiros anos sejam uma unidade de alfabetização em vez de um ou dois anos. Há uma diretriz básica, mas cada escola terá autonomia para desenvolver um projeto adequado à realidade da comunidade que atende – explica o presidente em exercício do Conselho Estadual da Educação, Domingos Buffon.
A iniciativa é vista por especialistas como mais uma medida para combater a baixa qualidade do ensino brasileiro. A professora da faculdade de Educação da UFRGS Tania Marques acredita que, se os projetos respeitarem as características do pensamento e do desenvolvimento afetivo de cada faixa etária, a alteração será positiva.
- A ampliação se baseia na ideia de que a alfabetização é um ciclo mais longo, e não apenas um ano. A ideia é proporcionar o contato antecipado com a palavra escrita sem que haja a necessidade de completar todo o processo.
As escolas precisaram alterar metodologias de trabalho em virtude das exigências específicas de uma criança com seis anos. A assessora pedagógica e de legislação educacional do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS ), Naime Pigatto, ressalta que deve haver um cuidado não apenas com o 1º ano, mas também com os demais anos.
Mozart Neves, integrante do Conselho Nacional de Educação e conselheiro-executivo do movimento Todos pela Educação, afirma que é difícil prever se a medida está tendo impacto:
- Não existe um indicador nacional que meça a primeira etapa da alfabetização. Uma prova nacional para medir esta primeira etapa poderia verificar se as mudanças são válidas


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